sexta-feira, 23 de março de 2018

As dificuldades de aprendizagem e a pertinência em relação a queixa de TDAH: Proposta para superação dos sintomas


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As dificuldades de Aprendizagem causam impactos nas vidas de crianças na escola, na sociedade, e em suas famílias de variadas formas. Pais, professores, psicopedagogos, psicólogos, psicanalistas e afins, buscam maneiras de atenderem e compreenderem melhor as necessidades de aprendizagem dessas crianças.
A Psicopedagogia busca articular conhecimentos de outras disciplinas, através do conhecimento interdisciplinar e tem por objetivo estudar o processo de aprendizagem humana. O advento da Psicopedagogia se deu a partir de debates e pesquisas sobre o fracasso escolar, considerando que com o início da escolarização muitas crianças não conseguiam se ajustar, por apresentarem dificuldades na aprendizagem. O tratamento médico tipificou no primeiro momento as maneiras de compreenderem as dificuldades, que eram conferidas a causas orgânicas, explicando desse modo a exclusão escolar.
A Psicopedagogia abarca disciplinas como a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Psicanálise, a Psicolinguística. A Educação e a Neurologia caminham rumo a compreensão das múltiplas dimensões do sujeito que aprende na tentativa de construir conhecimentos que sejam significativos para as questões referentes a aprendizagem permitindo assim uma visão mais abrangente do fracasso escolar.
Na obra Psicopedagogia: teorias da aprendizagem (Barone et al,2013), as autoras organizaram para estudo e pesquisa as principais teorias da Psicologia desenvolvidas no século XX, que são referências para o fazer Psicopedagógico. Reavendo estudos filosóficos e científicos referentes ao desenvolvimento da aprendizagem humana. As autoras na obra em questão falam do valor que cada teoria tem e na necessidade de observarmos o seu enfoque no que se refere a nossa práxis dentro das perspectivas do nosso trabalho.
Compreender os fatores que influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano não é uma tarefa fácil. No entanto,é preciso entender que as abordagens teóricas apresentam pontos importantes para se compreender como o contexto influencia no desenvolvimento e na aprendizagem do sujeito, uma vez que, os conteúdos genéticos não são suficientes para explicar como isso ocorre através do tempo. O ser humano no decurso de seu desenvolvimento passa também a compreender o significado de existir como sujeito, e o desenvolvimento cognitivo é primordial neste processo. O desenvolvimento da linguagem e do pensamento torna possível sua socialização, bem como a compreensão de fatores que ocorrem em sua vida.
Nesse sentido, O estudo da aprendizagem precisa estar engendrado nas teorias que fundamentam a prática psicopedagógica, embasando tanto o caráter preventivo, como o clínico. Portanto, a psicopedagogia vem contribuir com os sujeitos que possuem dificuldades de aprendizagem, que reprovam, que não conseguem acompanhar os seus colegas e que muitas vezes são “deixados” de lado no processo de ensino aprendizagem. A insatisfação e a inquietação dos profissionais que trabalham com as dificuldades de aprendizagem fizeram com que surgissem a psicopedagogia, no sentido de colaborar com os educandos que manifestam dificuldades de aprendizagem, como é o caso do Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
De acordo com Bourbon (2006) o aluno portador de TDAH, apresenta comportamento disperso, pois não consegue manter sua atenção e foco por tempo suficiente em apenas uma atividade específica, o que gera prejuízos a aprendizagem, não só no âmbito escolar, como também na família e nas relações sociais. Por esses motivos, de acordo com o site Universo tdah: 21% dos alunos com TDAH, tendem a trocar de escola com mais frequência, 45% sofrem suspensões, pois são tachados de indisciplinados, estabanados, que vivem no mundo da lua, entre outros nomes pejorativos, 30% repetem pelo menos um ano os estudos e 2% a 40% abandonaram os estudos, apenas 5%conseguem chegar a um curso universitário.
Para Pinheiro, 2010, o TDHA, se apresenta como uma desordem neurobiológica, de causas genéticas, tendo suas primeiras aparições na infância e pode acompanhar o indivíduo até a vida adulta. Tendo por características predominante a desatenção, inquietude e a impulsividade. Nesse sentido, na prática a soma desses fatores atrapalham e muito a vida da criança na escola.
Para Teixeira (2011), os sintomas descritos no portador de TDHA, são os responsáveis por uma série de prejuízos escolares, de relacionamento social e ocupacional, além de trazer um impacto negativo para o portador no sentido de interferir na vida familiar e na vida social como um todo.
jo (2002), explicita que crianças com sintomas de TDAH demonstram inquietude previamente, ainda no berço. Os sintomas geralmente se apresentam mais evidentes quando a criança vai para a escola, pois normalmente na instituição escolar são pouco toleradas. Nesse sentido o aluno já é tachado pejorativamente como indisciplinado.
Para Rohder (2003), o convívio de pais de crianças portadoras de TDHA com a escola é na maioria dos casos problemáticos, considerando que a maioria das escolas tem objetivos iguais para todos os alunos (relacionamento padronizado), onde as diferenças são desconsideradas nos indivíduos e os professores despreparados para atender esse grupo.
Nesse sentido, Bossa (2011), deixa claro que o papel da escola é construir conhecimentos, desenvolver valores, comportamentos e práticas democráticas bem como propiciar a harmonia entre corpo docente, discente, e a família, ou seja, toda a comunidade escolar. Portanto o Papel do Psicopedagogo na instituição escolar, é analisar e assinalar os fatores que auxiliam, intervêm ou prejudicam uma boa aprendizagem.
Para Kiguel:
o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (1991, p. 24).

Teixeira (2011), apresenta em sua obra, Desatentos e Hiperativos: Manual para alunos pais e professores, algumas estratégias que podem ser utilizadas como recursos em sala de aula que permitem melhorar a capacidade de atenção do aluno com TDAH, diminuindo os prejuízos resultantes de comportamentos hiperativos possibilitando ao aluno a aprendizagem. Segundo o autor estas estratégias podem auxiliar tanto o aluno com TDAH como alunos portadores de outros transtornos comportamentais, bem como aqueles que não apresentam nenhum tipo de dificuldade de aprendizagem.
Sendo assim podemos pontuar algumas dessas estratégias conforme explicitam o autor:
  • Estabelecer rotinas, como organizar e manter a sala de aula limpa e os materiais didáticos
  • Criar regras de sala de aula para manter a disciplinas
  • Agenda escola casa: para comunicar com os pais, mantendo o vínculo entre escola e família. Através dela informações importantes poderão ser tratadas sobre o comportamento do aluno nas dependências da escola.
  • Sentar na frente na sala de aula, facilita a mediação do aluno hiperativo e permite a intervenção ou elogio a bons comportamentos.
  • Matérias mais difíceis no início da aula: esta estratégia serve para os portadores de TDAH como para os outros alunos, pois no início da aula todos se encontram mais descansados, portanto mais abertos a aprendizagem.
  • Pausas regulares: todo mundo possui um determinado tempo de manter a atenção, sendo assim depois de um certo período nossa capacidade atencional se perde. Manter um espaço entre uma atividade e outra é importante para relaxar
  • .Ensinar técnicas de organização e relaxamento: alunos com TDAH tem muita dificuldade de organizar e planejar os estudos, nesse sentido o professor deve agir como mediador desta ação.
  • Trazer para a aula o dia a dia do aluno: contextualizar a disciplina com as vivências trazendo para a prática a cultura do mesmo.
O conhecimento do ser humano é o foco das discussões de dois teóricos importantes. Isto é, do alicerce cognitivo e da relação do indivíduo com o mundo que o cerca (Piaget), ou por meio da mediação de alguém próximo a este indivíduo (Vygotsky). Diante do exposto, fica a reflexão destes dois teóricos para que possamos compreender com mais afinco os conceitos na nossa práxis diária.

A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe” – Jean Piaget.
Através dos outros, nos tornamos nós mesmos” – Lev Vygotsky.


REFERÊNCIAS
ARAÙJO, Alexandra Prufer de Queiroz Campos, Avaliação e manejo da criança com dificuldade escolar e distúrbio de atenção. 2002. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/jped/v78s1/v78n7a13.pdf> acesso em 12 de fevereiro de 2018.

ARRUDA, Marco Antônio. Levados da Breca. 1. Ed. Ribeirão Preto: M. A. Arruda, 2006.

BARONE, Leda Maria Codeço et al. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo.2011.


BOSSA, Nádia; OLIVEIRA Zilma de M. (orgs.). Avaliação Psicopedagógica da Criança de Sete a Onze Anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.


BOURBON, Sérgio Cabral. Os custos do TDAH, 2006. Disponível em: <http://www.universotdah.com.br/custos-tdah.html> acesso em: 08 de fevereiro de 2018


CARVALHO,Fabrício Bignoto et al. Distúrbios de Aprendizagem na visão do Professor. Artigo original. Rev. Psicopedagogia 2007.Disponível em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862007000300003> acesso em 02/02 de 2018

Pinheiro, Sara Cristina Aranha de Souza. CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE
DEFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE (TDAH) NO AMBIENTE
ESCOLAR. 2010.62 f. Dissertação (Graduação em Pedagogia- Anos Iniciais) – Departamento de Educação – Campus I, Universidade do Estado da Bahia, Salvador.Disponível em: <http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-SARA-CRISTINA-ARANHA-DE-SOUZA-PINHEIRO.pdf> acesso em 02 de fevereiro de 2018

ROHDE, Luiz Augusto. Princípios e práticas em TDAH, transtorno no Deficit de Atenção/hiperatividade. Porto, Atmed-2003

TEIXEIRA, Gustavo. Desatentos e Hiperativos: Manual para alunos, pais e professores. Rio de Janeiro: Best seller LTDA, 2011.

KIGUEL, Sonia Moojen. Reabilitação em Neurologia e Psiquiatria Infantil Aspectos Psicopedagógicos. Congresso Brasileiro de Neurologia e Psiquiatria Infantil – A Criança e o Adolescente da Década de 80. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Abenepe, vol. 2, 1983.























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