As
dificuldades de Aprendizagem causam impactos nas vidas de crianças
na escola, na sociedade, e em suas famílias de variadas formas.
Pais, professores, psicopedagogos, psicólogos, psicanalistas e
afins, buscam maneiras de atenderem e compreenderem melhor as
necessidades de aprendizagem dessas crianças.
A
Psicopedagogia busca articular conhecimentos de outras disciplinas,
através do conhecimento interdisciplinar e tem por objetivo estudar
o processo de aprendizagem humana. O advento da Psicopedagogia se deu
a partir de debates e pesquisas sobre o fracasso escolar,
considerando que com o início da escolarização muitas crianças
não conseguiam se ajustar, por apresentarem dificuldades na
aprendizagem. O tratamento médico tipificou no primeiro momento as
maneiras de compreenderem as dificuldades, que eram conferidas a
causas orgânicas, explicando desse modo a exclusão escolar.
A
Psicopedagogia abarca disciplinas como a Psicologia, a Antropologia,
a Sociologia, a Psicanálise, a Psicolinguística. A Educação e a
Neurologia caminham rumo a compreensão das múltiplas dimensões do
sujeito que aprende na tentativa de construir conhecimentos que sejam
significativos para as questões referentes a aprendizagem permitindo
assim uma visão mais abrangente do fracasso escolar.
Na
obra Psicopedagogia:
teorias
da aprendizagem (Barone et al,2013), as autoras organizaram para
estudo e pesquisa as principais teorias da Psicologia desenvolvidas
no século XX, que são referências para o fazer Psicopedagógico.
Reavendo estudos filosóficos e científicos referentes ao
desenvolvimento da aprendizagem humana. As autoras na obra em questão
falam do valor que cada teoria tem e na necessidade de observarmos o
seu enfoque no que se refere a nossa práxis dentro das perspectivas
do nosso trabalho.
Compreender
os fatores que influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem do ser
humano não é uma tarefa fácil. No entanto,é preciso entender que
as abordagens teóricas apresentam pontos importantes para se
compreender como o contexto influencia no desenvolvimento e na
aprendizagem do sujeito, uma vez que, os conteúdos genéticos não
são suficientes para explicar como isso ocorre através do tempo. O
ser humano no decurso de seu desenvolvimento passa também a
compreender o significado de existir como sujeito, e o
desenvolvimento cognitivo é primordial neste processo. O
desenvolvimento da linguagem e do pensamento torna possível sua
socialização, bem como a compreensão de fatores que ocorrem em sua
vida.
Nesse
sentido, O
estudo da aprendizagem precisa estar engendrado nas teorias que
fundamentam a prática psicopedagógica, embasando tanto o caráter
preventivo, como o clínico. Portanto, a psicopedagogia vem
contribuir com os sujeitos que possuem dificuldades de aprendizagem,
que reprovam, que não conseguem acompanhar os seus colegas e que
muitas vezes são “deixados” de lado no processo de ensino
aprendizagem. A insatisfação e a inquietação dos profissionais
que trabalham com as dificuldades de aprendizagem fizeram com que
surgissem a psicopedagogia, no sentido de colaborar com os educandos
que manifestam dificuldades de aprendizagem, como é o caso do
Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
De
acordo com Bourbon (2006) o aluno
portador de TDAH, apresenta comportamento disperso, pois não
consegue manter sua atenção e foco por tempo suficiente em apenas
uma atividade específica, o que gera prejuízos a aprendizagem, não
só no âmbito escolar, como também na família e nas relações
sociais. Por esses motivos, de acordo com o site Universo tdah: 21%
dos alunos com TDAH, tendem a trocar de escola com mais frequência,
45% sofrem suspensões, pois são tachados de indisciplinados,
estabanados, que vivem no mundo da lua, entre outros nomes
pejorativos, 30% repetem pelo menos um ano os estudos e 2% a 40%
abandonaram os estudos, apenas 5%conseguem chegar a um curso
universitário.
Para
Pinheiro, 2010, o TDHA, se apresenta como uma desordem
neurobiológica, de causas genéticas, tendo suas primeiras aparições
na infância e pode acompanhar o indivíduo até a vida adulta. Tendo
por características predominante a desatenção, inquietude e a
impulsividade. Nesse sentido, na prática a soma desses fatores
atrapalham e muito a vida da criança na escola.
Para
Teixeira (2011), os sintomas descritos no portador de TDHA, são os
responsáveis por uma série de prejuízos escolares, de
relacionamento social e ocupacional, além de trazer um impacto
negativo para o portador no sentido de interferir na vida familiar e
na vida social como um todo.
jo
(2002), explicita que crianças com sintomas de TDAH demonstram
inquietude previamente, ainda no berço. Os sintomas geralmente se
apresentam mais evidentes quando a criança vai para a escola, pois
normalmente na instituição escolar são pouco toleradas. Nesse
sentido o aluno já é tachado pejorativamente como indisciplinado.
Para
Rohder (2003), o convívio de pais de crianças portadoras de TDHA
com a escola é na maioria dos casos problemáticos, considerando que
a maioria das escolas tem objetivos iguais para todos os alunos
(relacionamento padronizado), onde as diferenças são
desconsideradas nos indivíduos e os professores despreparados para
atender esse grupo.
Nesse
sentido, Bossa (2011), deixa claro que o papel da escola é construir
conhecimentos, desenvolver valores, comportamentos e práticas
democráticas bem como propiciar a harmonia entre corpo docente,
discente, e a família, ou seja, toda a comunidade escolar. Portanto
o Papel do Psicopedagogo na instituição escolar, é analisar e
assinalar os fatores que auxiliam, intervêm ou prejudicam uma boa
aprendizagem.
Para
Kiguel:
o
objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em
torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos
normais e patológicos – bem como a influência do meio (família,
escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (1991, p. 24).
Teixeira
(2011), apresenta em sua obra, Desatentos
e Hiperativos: Manual para alunos pais e professores,
algumas estratégias que podem ser utilizadas como recursos em sala
de aula que permitem melhorar a capacidade de atenção do aluno com
TDAH, diminuindo os prejuízos resultantes de comportamentos
hiperativos possibilitando ao aluno a aprendizagem. Segundo o autor
estas estratégias podem auxiliar tanto o aluno com TDAH como alunos
portadores de outros transtornos comportamentais, bem como aqueles
que não apresentam nenhum tipo de dificuldade de aprendizagem.
Sendo
assim podemos pontuar algumas dessas estratégias conforme explicitam
o autor:
-
Estabelecer rotinas, como organizar e manter a sala de aula limpa e os materiais didáticos
-
Criar regras de sala de aula para manter a disciplinas
-
Agenda escola casa: para comunicar com os pais, mantendo o vínculo entre escola e família. Através dela informações importantes poderão ser tratadas sobre o comportamento do aluno nas dependências da escola.
-
Sentar na frente na sala de aula, facilita a mediação do aluno hiperativo e permite a intervenção ou elogio a bons comportamentos.
-
Matérias mais difíceis no início da aula: esta estratégia serve para os portadores de TDAH como para os outros alunos, pois no início da aula todos se encontram mais descansados, portanto mais abertos a aprendizagem.
-
Pausas regulares: todo mundo possui um determinado tempo de manter a atenção, sendo assim depois de um certo período nossa capacidade atencional se perde. Manter um espaço entre uma atividade e outra é importante para relaxar
-
.Ensinar técnicas de organização e relaxamento: alunos com TDAH tem muita dificuldade de organizar e planejar os estudos, nesse sentido o professor deve agir como mediador desta ação.
-
Trazer para a aula o dia a dia do aluno: contextualizar a disciplina com as vivências trazendo para a prática a cultura do mesmo.
O
conhecimento do ser humano é o foco das discussões de dois teóricos
importantes. Isto é, do alicerce cognitivo e da relação do
indivíduo com o mundo que o cerca (Piaget), ou por meio da mediação
de alguém próximo a este indivíduo (Vygotsky). Diante do exposto,
fica a reflexão destes dois teóricos para que possamos compreender
com mais afinco os conceitos na nossa práxis diária.
“A
principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de
fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações
já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A
segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições
de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe” –
Jean Piaget.
“Através
dos outros, nos tornamos nós mesmos” – Lev Vygotsky.
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