sexta-feira, 5 de outubro de 2018
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sexta-feira, 20 de abril de 2018
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMILIAR PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO NA CRIANÇA E SUA ATUAÇÃO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Por:
Dorcelina Lima
A
família tem um papel relevante no desenvolvimento cognitivo das
crianças, visto que é no seio familiar que se efetiva as primeiras
aprendizagens. Sendo
assim é importante salientar o grupo familiar como fator relevante
no processo de aprendizagem da criança, seja para favorecer uma
aprendizagem significativa, ou para dificultá-la. Neste sentido, as
relações familiares estão em pauta na questão dos problemas de
aprendizagem.
Uma
parcela enorme de crianças em todo Brasil sofrem com problemas de
aprendizagem, de acordo com Rubinstein (2012), apesar dos esforços
de estudiosos nas áreas da Psicologia, Neurologia e Psicopedagogia
para melhorar essa perspectiva, família e escola apresentam queixas
de aprendizagem. A autora relata que 90% das crianças que procuram
atendimento clínico mental demostram ter problemas na escola.
Nesta
visão, Braga et al(2007), esclarecem que existem muitas questões
referentes ao fracasso escolar que devem ser compreendidas de
diferentes formas, dentre elas, fatores orgânicos, cognitivos e
afetivos, a estrutura familiar, o contexto social e as instituições
de ensino, além das relações estabelecidas no cotidiano escolar.
“As crianças se tornam fracassadas escolares a partir do modo como
a escola aborda, ataca, nega e desqualifica, o degrau, a diferença
social, o desencontro de linguagens entre as crianças de extração
pobre de um lado, e a escola comprometida com outras extrações
sociais de outro”, (RUBINSTEIN, Edith,2012, p.56)
Neste
sentido Braga (2007) relata que estudos comprovados pela Psiquiatria
e outras áreas, afirmam que uma criança bem cuidada pela família é
de importância ímpar para sua saúde mental futura. A autora ainda
conversa com diversos autores que falam da influência das relações
familiares na aprendizagem. Neste sentido O diálogo entre pais
e filhos, as vivências de atitude de amor e respeito, as regras, os
valores sociais são relevantes para a formação da personalidade,
do caráter, assim como na aprendizagem. Assim, Munhoz (2012) declara
que “o ensino/aprendizagem dos filhos ganha significado para os
pais, quando eles entendem e tomam conhecimento sobre a missão e
objetivos da escola de seu filho”.
Para
Nádia Bossa (2000) a dimensão da afetividade é fundamental no
processo de aprendizagem escolar e nas relações de um modo geral,
quer sejam relações interpessoais, quer seja nas relações do
próprio sujeito com a realidade. Para a autora o mundo afetivo se
inicia na relação com as primeiras pessoas que fazem parte da nossa
vida. Neste ponto de vista, a participação da família no espaço
escolar é muito importante para o processo ensino aprendizagem.
Família e escola são a estrutura que fazem com que a criança
estabeleça relações com o meio social. A família e a escola
integrada, constituem um desafio, já que unidas podem perceber
dificuldades de aprendizagem que a criança a priori possa
apresentar, sendo como um suporte uma em benefício outra. Nesta
perspectiva:
O
conhecimento é o conjunto do saber histórico de uma comunidade que
é suscetível de ser transmitido. Os processos que permitem a
transmissão efetiva do conhecimento são os da aprendizagem. Uma
criança só aprende algo a partir do outro, da relação com o
mundo, e portanto, com o outro, ela será capaz de modificar numa
reconstrução própria, utilizando seus sentimentos e sua cognição,
a fim de se apropriar do conhecimento que vai adquirindo nessas
relações. (BRAGA et al, 2012)
Para
que haja a participação efetiva da família na escola, é preciso
uma mudança de atitude por parte do grupo familiar e escolar. É
normal pais acharem que o contato tem que ser estabelecido pela
escola, enquanto a escola, no que lhe diz respeito, coloca todo
encargo sobre a família. Em muitos casos, os pais só são acionados
quando acontece algo muito sério com o aluno. Em outros casos,
quando a família procura a escola, a instituição, nem sempre está
preparada para um bom acolhimento, e o inverso também acontece.
Neste sentido, a missão da escola/família é a de desconstruir essa
problemática com diálogo, criando estratégias positivas para
aproximar ambos, e isso tem que ser o dever de toda a comunidade
escolar.
Para
que isso ocorra deve-se buscar a efetividade das relações
família/escola, fazendo com que o conselho escola/comunidade
funcione de fato, que temas importantes sejam tratados, que soluções
sejam buscadas em conjunto, que não se crie preconceito de ambas as
partes, da família em relação a escola e vice-versa, desenvolvendo
assim ações de parceria.
Para
Munhoz:
Acreditamos
que as escolas precisam ter dentro de suas equipes de trabalho
pedagógico a figura do orientador educacional, com enfoque ao
trabalho de orientação ao professor, para que os espaços de
conversas na escola possam ser além de instalados, efetivos e
duradouros. Apesar de todas as “concorrências” que a escola
sofre com as diferentes atividades oferecidas às crianças e aos
jovens, podemos considerar que o poder ainda aparente dessa
instituição deve ser valorizado e otimizado, não como erroneamente
muitas vezes se faz, usando autoridade e autoritarismo, mas criando a
possibilidade de conversas e compreensão entre as partes é que se
obtém. (MUNHOZ,2012)
Lamoglia
(2014,p.53), esclarece que a escola ao receber um aluno com algum
tipo de dificuldade, seja de relacionamento, de linguagem, ou outra,
deve proceder orientando a família para que busque uma avaliação
com um Neurologista ou Psiquiatra para que este diagnostique a causa
do problema. De posse do laudo médico a família deve ser orientada
para procurar especialistas como Psicopedagogo Clínico,
fonoaudiólogo entre outros, dependendo da investigação feita na
criança. Estes profissionais acompanharão o desenvolvimento do
aluno e trabalhar em conjunto com a escola.
No
que tange aos profissionais da escola, estes devem ser orientados a
fazer caso necessário adequações curriculares que serão
importantes para a adaptação desses alunos em cada caso específico.
Mesmo que não haja um diagnóstico fechado, a escola deve entender
que cada criança tem uma maneira única de aprender, considerando
cada uma em suas especificidades, ou seja, não é suficiente apenas
frequentar a escola, o mais importante é criar possibilidades para
favorecer a aprendizagem dessas crianças.
REFERÊNCIAS
BRAGA
et al. Problemas de
aprendizagem e suas relações com a família, Rev. Psicopedagogia
2007; 24(74): 149-59. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v24n74/v24n74a06.pdf>
acesso em 3 de abril de 2018
BOSSA,
Nádia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
LAMOGLIA,
Aliny, Mara Monteiro da Cruz. -Psicopedagogia. v. 1. /Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2014.
Munhoz
MLP, Scatralhe MCR. Família e escola na compreensão dos
significados do processo escolar. Rev. Psicopedagogia
2012;29(88):55-65 Disponível
em:<http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/146/familia-e-escola-na compreensao-dos-significados-do-processo-escolar>
Acesso em: 3 de abril de 2018
RUBISTEIN,
Edith (org). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São
Paulo, 4º edição, Casa do Psicólogo, 2012.
sexta-feira, 23 de março de 2018
As dificuldades de aprendizagem e a pertinência em relação a queixa de TDAH: Proposta para superação dos sintomas
As
dificuldades de Aprendizagem causam impactos nas vidas de crianças
na escola, na sociedade, e em suas famílias de variadas formas.
Pais, professores, psicopedagogos, psicólogos, psicanalistas e
afins, buscam maneiras de atenderem e compreenderem melhor as
necessidades de aprendizagem dessas crianças.
A
Psicopedagogia busca articular conhecimentos de outras disciplinas,
através do conhecimento interdisciplinar e tem por objetivo estudar
o processo de aprendizagem humana. O advento da Psicopedagogia se deu
a partir de debates e pesquisas sobre o fracasso escolar,
considerando que com o início da escolarização muitas crianças
não conseguiam se ajustar, por apresentarem dificuldades na
aprendizagem. O tratamento médico tipificou no primeiro momento as
maneiras de compreenderem as dificuldades, que eram conferidas a
causas orgânicas, explicando desse modo a exclusão escolar.
A
Psicopedagogia abarca disciplinas como a Psicologia, a Antropologia,
a Sociologia, a Psicanálise, a Psicolinguística. A Educação e a
Neurologia caminham rumo a compreensão das múltiplas dimensões do
sujeito que aprende na tentativa de construir conhecimentos que sejam
significativos para as questões referentes a aprendizagem permitindo
assim uma visão mais abrangente do fracasso escolar.
Na
obra Psicopedagogia:
teorias
da aprendizagem (Barone et al,2013), as autoras organizaram para
estudo e pesquisa as principais teorias da Psicologia desenvolvidas
no século XX, que são referências para o fazer Psicopedagógico.
Reavendo estudos filosóficos e científicos referentes ao
desenvolvimento da aprendizagem humana. As autoras na obra em questão
falam do valor que cada teoria tem e na necessidade de observarmos o
seu enfoque no que se refere a nossa práxis dentro das perspectivas
do nosso trabalho.
Compreender
os fatores que influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem do ser
humano não é uma tarefa fácil. No entanto,é preciso entender que
as abordagens teóricas apresentam pontos importantes para se
compreender como o contexto influencia no desenvolvimento e na
aprendizagem do sujeito, uma vez que, os conteúdos genéticos não
são suficientes para explicar como isso ocorre através do tempo. O
ser humano no decurso de seu desenvolvimento passa também a
compreender o significado de existir como sujeito, e o
desenvolvimento cognitivo é primordial neste processo. O
desenvolvimento da linguagem e do pensamento torna possível sua
socialização, bem como a compreensão de fatores que ocorrem em sua
vida.
Nesse
sentido, O
estudo da aprendizagem precisa estar engendrado nas teorias que
fundamentam a prática psicopedagógica, embasando tanto o caráter
preventivo, como o clínico. Portanto, a psicopedagogia vem
contribuir com os sujeitos que possuem dificuldades de aprendizagem,
que reprovam, que não conseguem acompanhar os seus colegas e que
muitas vezes são “deixados” de lado no processo de ensino
aprendizagem. A insatisfação e a inquietação dos profissionais
que trabalham com as dificuldades de aprendizagem fizeram com que
surgissem a psicopedagogia, no sentido de colaborar com os educandos
que manifestam dificuldades de aprendizagem, como é o caso do
Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
De
acordo com Bourbon (2006) o aluno
portador de TDAH, apresenta comportamento disperso, pois não
consegue manter sua atenção e foco por tempo suficiente em apenas
uma atividade específica, o que gera prejuízos a aprendizagem, não
só no âmbito escolar, como também na família e nas relações
sociais. Por esses motivos, de acordo com o site Universo tdah: 21%
dos alunos com TDAH, tendem a trocar de escola com mais frequência,
45% sofrem suspensões, pois são tachados de indisciplinados,
estabanados, que vivem no mundo da lua, entre outros nomes
pejorativos, 30% repetem pelo menos um ano os estudos e 2% a 40%
abandonaram os estudos, apenas 5%conseguem chegar a um curso
universitário.
Para
Pinheiro, 2010, o TDHA, se apresenta como uma desordem
neurobiológica, de causas genéticas, tendo suas primeiras aparições
na infância e pode acompanhar o indivíduo até a vida adulta. Tendo
por características predominante a desatenção, inquietude e a
impulsividade. Nesse sentido, na prática a soma desses fatores
atrapalham e muito a vida da criança na escola.
Para
Teixeira (2011), os sintomas descritos no portador de TDHA, são os
responsáveis por uma série de prejuízos escolares, de
relacionamento social e ocupacional, além de trazer um impacto
negativo para o portador no sentido de interferir na vida familiar e
na vida social como um todo.
jo
(2002), explicita que crianças com sintomas de TDAH demonstram
inquietude previamente, ainda no berço. Os sintomas geralmente se
apresentam mais evidentes quando a criança vai para a escola, pois
normalmente na instituição escolar são pouco toleradas. Nesse
sentido o aluno já é tachado pejorativamente como indisciplinado.
Para
Rohder (2003), o convívio de pais de crianças portadoras de TDHA
com a escola é na maioria dos casos problemáticos, considerando que
a maioria das escolas tem objetivos iguais para todos os alunos
(relacionamento padronizado), onde as diferenças são
desconsideradas nos indivíduos e os professores despreparados para
atender esse grupo.
Nesse
sentido, Bossa (2011), deixa claro que o papel da escola é construir
conhecimentos, desenvolver valores, comportamentos e práticas
democráticas bem como propiciar a harmonia entre corpo docente,
discente, e a família, ou seja, toda a comunidade escolar. Portanto
o Papel do Psicopedagogo na instituição escolar, é analisar e
assinalar os fatores que auxiliam, intervêm ou prejudicam uma boa
aprendizagem.
Para
Kiguel:
o
objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em
torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos
normais e patológicos – bem como a influência do meio (família,
escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (1991, p. 24).
Teixeira
(2011), apresenta em sua obra, Desatentos
e Hiperativos: Manual para alunos pais e professores,
algumas estratégias que podem ser utilizadas como recursos em sala
de aula que permitem melhorar a capacidade de atenção do aluno com
TDAH, diminuindo os prejuízos resultantes de comportamentos
hiperativos possibilitando ao aluno a aprendizagem. Segundo o autor
estas estratégias podem auxiliar tanto o aluno com TDAH como alunos
portadores de outros transtornos comportamentais, bem como aqueles
que não apresentam nenhum tipo de dificuldade de aprendizagem.
Sendo
assim podemos pontuar algumas dessas estratégias conforme explicitam
o autor:
-
Estabelecer rotinas, como organizar e manter a sala de aula limpa e os materiais didáticos
-
Criar regras de sala de aula para manter a disciplinas
-
Agenda escola casa: para comunicar com os pais, mantendo o vínculo entre escola e família. Através dela informações importantes poderão ser tratadas sobre o comportamento do aluno nas dependências da escola.
-
Sentar na frente na sala de aula, facilita a mediação do aluno hiperativo e permite a intervenção ou elogio a bons comportamentos.
-
Matérias mais difíceis no início da aula: esta estratégia serve para os portadores de TDAH como para os outros alunos, pois no início da aula todos se encontram mais descansados, portanto mais abertos a aprendizagem.
-
Pausas regulares: todo mundo possui um determinado tempo de manter a atenção, sendo assim depois de um certo período nossa capacidade atencional se perde. Manter um espaço entre uma atividade e outra é importante para relaxar
-
.Ensinar técnicas de organização e relaxamento: alunos com TDAH tem muita dificuldade de organizar e planejar os estudos, nesse sentido o professor deve agir como mediador desta ação.
-
Trazer para a aula o dia a dia do aluno: contextualizar a disciplina com as vivências trazendo para a prática a cultura do mesmo.
O
conhecimento do ser humano é o foco das discussões de dois teóricos
importantes. Isto é, do alicerce cognitivo e da relação do
indivíduo com o mundo que o cerca (Piaget), ou por meio da mediação
de alguém próximo a este indivíduo (Vygotsky). Diante do exposto,
fica a reflexão destes dois teóricos para que possamos compreender
com mais afinco os conceitos na nossa práxis diária.
“A
principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de
fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações
já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A
segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições
de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe” –
Jean Piaget.
“Através
dos outros, nos tornamos nós mesmos” – Lev Vygotsky.
REFERÊNCIAS
ARAÙJO,
Alexandra Prufer
de Queiroz Campos, Avaliação
e manejo da criança com dificuldade escolar e distúrbio de atenção.
2002. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/jped/v78s1/v78n7a13.pdf>
acesso em 12 de fevereiro de 2018.
ARRUDA,
Marco Antônio. Levados da Breca. 1. Ed. Ribeirão Preto: M. A.
Arruda, 2006.
BARONE,
Leda Maria Codeço et al. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: Casa
do Psicólogo.2011.
BOSSA,
Nádia; OLIVEIRA Zilma de M. (orgs.). Avaliação
Psicopedagógica da Criança de Sete a Onze Anos. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2011.
BOURBON,
Sérgio Cabral. Os
custos do TDAH, 2006. Disponível em:
<http://www.universotdah.com.br/custos-tdah.html>
acesso em: 08
de fevereiro de 2018
CARVALHO,Fabrício
Bignoto et al. Distúrbios de Aprendizagem na visão do Professor.
Artigo original. Rev. Psicopedagogia 2007.Disponível
em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862007000300003>
acesso em 02/02 de 2018
Pinheiro,
Sara Cristina Aranha de Souza. CRIANÇAS
COM TRANSTORNO DE
DEFICIT
DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE (TDAH) NO AMBIENTE
ESCOLAR.
2010.62 f.
Dissertação (Graduação em Pedagogia- Anos Iniciais) –
Departamento
de Educação – Campus I, Universidade do Estado da Bahia,
Salvador.Disponível em:
<http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-SARA-CRISTINA-ARANHA-DE-SOUZA-PINHEIRO.pdf>
acesso em 02 de fevereiro de 2018
ROHDE,
Luiz Augusto. Princípios e práticas em TDAH, transtorno no Deficit
de Atenção/hiperatividade.
Porto, Atmed-2003
TEIXEIRA,
Gustavo. Desatentos e Hiperativos: Manual para alunos, pais e
professores. Rio de Janeiro: Best seller LTDA, 2011.
KIGUEL,
Sonia Moojen. Reabilitação
em Neurologia e Psiquiatria Infantil –
Aspectos
Psicopedagógicos.
Congresso Brasileiro de Neurologia e Psiquiatria Infantil – A
Criança e o Adolescente da Década de 80. Porto Alegre, Rio Grande
do Sul, Abenepe, vol. 2, 1983.
O
normal e o patológico considerando o
desenvolvimento e a
aprendizagem
Por Dorcelina Custódio de Souza Lima Março/2018
A
escola é o primeiro lugar em que se manifestam os indícios, as
reclamações dos problemas e dificuldades de aprendizagem. É nessa
perspectiva, que surge a Psicopedagogia para colaborar e contribuir
com todos os indivíduos que fazem parte do universo educativo.
De
acordo com Bossa (2007), é função da psicopedagogia refletir sobre
o que é educar, o que é ensinar e aprender; como se desenvolvem
estas atividades; como afetam subjetivamente os sistemas e
metodologias educativas; quais as dificuldades basilares que
influenciam no surgimento dos transtornos da aprendizagem e no
fracasso escolar; e que propostas de mudança surgem neste espaço.
Ou seja, para a autora o Sujeito aprendente é o objetivo maior das
perguntas do psicopedagogo, e receptor de sua práxis educativa.
A autora
ainda esclarece que o objeto de estudo da psicopedagogia passou por
diferentes fases, e foi entendido de várias maneiras. Num primeiro
momento, era o indivíduo que não podia aprender; em segundo lugar,
o fato do sujeito não-aprender, é gerado e carregado de
significados que esclarecem o seu não-aprender. A partir dessa visão
o avanço desta área de estudo passou a entender que o objeto de
estudo do Psicopedagogo, é sempre o sujeito em processo de
aprendizagem.
O
psicopedagogo pode atuar de forma preventiva e clínica. Neste
sentido, podemos então falar em diferentes níveis de prevenção.
No primeiro, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o
objetivo de diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem,
tendo como propósito as questões didáticos metodológicas, bem
como na formação e orientação dos professores, além do
aconselhamento a família. Num segundo momento, o objetivo maior é
tratar os problemas de aprendizagem já instalados, criando um
diagnóstico da realidade institucional e elaborando planos de
intervenção baseados na realidade diagnosticada. E no terceiro
momento, o grande objetivo é eliminar os transtornos já instalados,
a partir de um procedimento clínico com todas as suas implicações.
Na práxis clínica, o psicopedagogo deve reconhecer a sua própria
subjetividade na relação, pois o mesmo é um indivíduo que estuda
outro.
O
estudo da aprendizagem precisa estar engendrado nas teorias que
fundamentam a prática psicopedagógica, embasando tanto o caráter
preventivo, como o clínico. Portanto,
a psicopedagogia vem contribuir com os sujeitos que possuem
dificuldades de aprendizagem, que reprovam, que não conseguem
acompanhar os seus colegas e que muitas vezes são “deixados” de
lado no processo de ensino aprendizagem. A insatisfação e a
inquietação dos profissionais que trabalham com as dificuldades de
aprendizagem fizeram com que surgissem a psicopedagogia, permitindo
que diversas áreas do conhecimento como Psicologia Cognitiva,
Psicanálise, Sociologia, Linguística, Antropologia, Filosofia,
entre outros, no sentido de colaborar os educandos que manifestam
dificuldades de aprendizagem.
Sendo
assim a aprendizagem está elencada ao processo de aquisição dos
conhecimentos, habilidades, valores e atitudes adquiridos através do
estudo, do ensino ou da experiência.
Para
Nádia Bossa (2000), aprender significa desenvolver habilidades para
lidar com a realidade externa, desde a habilidade da fala, de se
relacionar, comer, estudar e aprender questões complexas que são
tratadas no mundo escolar. A autora esclarece que para aprender nós
necessitamos da nossa condição humana. Nesse sentido nos
transformamos a partir da aprendizagem. Sendo assim, o processo
envolve a participação do sujeito da aprendizagem, ou seja, quando
aprendemos estão envolvidos neste processo nossa inteligência e os
processos cognitivos, nosso corpo como instrumento de apreensão dos
objetos de conhecimento, nossa condição efetiva e emocional e a
condição biológica do nosso organismo.
As
autoras José e Coelho (1993), falam da importância dos pais,
educadores e professores nos processos fundamentais do
desenvolvimento humano. Para as autoras “desenvolvimento abrange
todas as modificações, que ocorrem no organismo e na
personalidade”. Nesta visão as autoras esclarecem que é o
desenvolvimento corporal, orgânico, neurológico que abarca os
padrões internos que resultam o comportamento. Nesta perspectiva a
maturação gera o desenvolvimento potencial do organismo
independente de situações como treino e estimulação ambiental.
Sendo assim na visão das autoras o cérebro precisa de maturação
para que a aprendizagem se processe. “Toda atividade humana depende
da maturação. Desde o mais simples comportamento como segurar um
objeto até as abstrações e raciocínios mais complexos”. (José
e Coelho, 2009,p. 10).
Nesse
sentido as autoras explicitam que a aprendizagem precisa ser
significativa para os educandos. Dentro desta perspectiva David
Alsubel (1982), salienta que a aprendizagem significativa se realiza
somente quando um novo conhecimento se conecta a outro existente de
forma substantiva. Para que isto aconteça é necessário querer
aprender. No entanto, é preciso um contexto de ensino potencialmente
significativo, articulado pelo professor que leve em conta as
condições em que o aluno é posto, e a aplicação social do
instrumento a ser estudado.
José
e Coelho(2009), ainda explicam que, a aprendizagem precisa de
motivação. No entendimento das autoras, desde o início de seu
desenvolvimento as crianças precisam ser motivadas para que não
venham fracassar em seu crescimento cognitivo. Pois o medo de
fracassar faz com que elas deixem de tentar um novo comportamento.
Nesse sentido o papel do professor é muito importante para
influenciar a construção da autoimagem e o modo como eles se veem.
É importante que o professor conheça como ocorrem as manifestações
da mente infantil dentro de suas faixas etárias para não incorrer
no erro de considerar os problemas que são considerados normais no
progresso evolutivo do desenvolvimento das crianças tais como o
onimismo e o egocentrismo. Neste sentido as autoras explicitam que
tendo conhecimento da psicologia e da didática ele deve ter sempre
em mente o que é normal, problemático e anormal(patológico) no
comportamento da criança e em seu desenvolvimento e habilidades nas
diferentes fases. Sendo assim, compete ao professor fazer o
reconhecimento das particularidades próprias do comportamento
infantil em cada faixa etária.
Para
que a criança tenha um desenvolvimento saudável é preciso um
ambiente harmonioso, autêntico, onde ela encontre amor e segurança,
que satisfaçam as necessidades inerentes a sua condição infantil.
Quando isso não ocorre acontece uma luta entre o que a criança
exige e o ambiente em que a criança faz parte. Inevitavelmente isso
levará a criança a um estado de desequilíbrio, que poderá gerar
comportamentos problemáticos ou patológicos.
José
e Coelho apud Mielnik p. 25, esclarecem que (…) “a problemática
abrange especialmente o relacionamento difícil com o meio e as
pessoas”. Para as autoras as crianças podem apresentar
dificuldades emocionais, supersensibilidade, sentimento de rejeição,
sensação de pânico em certas situações, comportamento ansioso ou
infantilização. Ainda sobre o autor citado pelas autoras, quando
este quadro persistir se tornando uma compulsão deve-se considerar o
quadro como anormal ou patológico. Sendo assim a conduta normal ou
patológica pode ser de origem genética ou ambiental.
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D.
P. A aprendizagem
significativa: a teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982
JOSÈ
Elizabete da assunção; Maria T C. Distúrbios
da Aprendizagem, 12ª
edição. São Paulo, Ática, 2009
BOSSA,
Nádia A. A
psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000a
A importância da atenção e da memória para o processo de aprendizagem
Dorcelina Custódio de Souza Lima março/2018
Por
intermédio da atenção o sujeito escolhe os estímulos que
aparentam ter mais importância e que sejam mais atrativos a nossas
predileções, intenções ou funções imediatas e veta as que não
sejam de grande importância, neste sentido a atenção
é imprescindível na aprendizagem. O cérebro muda em contato com o
ambiente continuamente. A formação da memória é mais eficiente
quando a nova informação é associada a um conhecimento anterior.
Precisamos
nos concentrar em certas características do ambiente e descartar
outras, pois se não fosse assim, a quantidade de informação
armazenada em nossa mente seria imensa e desorganizada que nos
impediria de realizar qualquer atividade. Pela atenção, aquilo que
armazenamos em nossa mente são integrados e por isso podemos
externar nossos conteúdos intelectuais e reflexivos. De acordo com
Ferreira (2014), estímulos ou eventos externos chamam a nossa
atenção, mas a atenção pode ser direcionada a estímulos
endógenos ou fenômenos mentais relacionados com a motivação e a
vontade. Nesse sentido a autora esclarece que a atenção está
relacionada com a consciência, o estado de alerta, os afetos, a
motivação, a memória e a percepção.
Piper (2013), esclarece que um
bom resultado na aprendizagem é definido por múltiplos fatores,
dentre os quais são destacados a atenção, motivação, dedicação,
necessidade e fatores cognitivos. A atenção é importante para que
se consiga apreender e armazenar na memória de longo prazo os dados
que nos são apresentados. A motivação e a necessidade dão
substancialidade à aprendizagem. Nesta perspectiva, (Ferreira
2014,p. 107) esclarece que “Só com a atenção intacta é que os
processos cognitivos podem acontecer”.
Kandel
(2009, p.339) destaca que
“a atenção é como um filtro”, em que alguns objetos são
colocados em destaque, em detrimento
de outros, nesta visão, Prestar atenção
em algo significa dar foco a determinados aspectos e, ao mesmo tempo,
descartar (ou ignorar) inúmeros outros que estão a nossa volta.
A
todo momento, os animais são inundados por um vasto número de
estímulos sensoriais
e, apesar disso, eles prestam atenção a apenas um estímulo ou a um
número muito reduzido dele, ignorando ou suprimindo os demais. A
capacidade do cérebro de processar a informação sensorial é mais
limitada do que a capacidade de seus receptores para mensurar o
ambiente. A atenção, portanto, funciona como um filtro,
selecionando alguns objetos para processamento adicional. [...] Em
nossa experiência momentânea nos concentramos em informações
sensoriais específicas e excluímos (mais ou menos) as demais
(KANDEL,
2009, p.339).
O
estudo da atenção investiga como o cérebro seleciona os estímulos
sensoriais que descarta dos que devem ser transmitidos para níveis
superiores de pensamentos. A atenção
está relacionada a vários
fatores: o alerta, controla o nível geral de responsividade, a
orientação alinha os órgãos sensoriais para determinado estímulo,
a atenção seletiva dá preferência a determinado estímulo entre
outros conteúdos definidos que estão em nossa consciência, a
atenção sustentada mantém a vigilância; a atenção dividida
possibilita que o foco atencional seja dividido em vários estímulos
ao mesmo tempo.
Segundo
Sternberg (2000) a memória é o acesso por onde buscamos
experiências anteriores, com o intuito de utilizar essa informação
no presente. Sendo assim a memória é a habilidade de atrair,
guardar e recuperar as informações disponíveis.
Para
Lent (2001), há uma sucessão de episódios nos processos
mnemônicos, o primeiro é a aquisição da informação, processa-se
o armazenamento e por fim a recuperação da informação através da
recordação. A
atenção é um fator primordial para a aprendizagem, sendo assim a
aprendizagem faz com que os aspectos da memória sejam ligados, nesta
perspectiva, quando o indivíduo tem um bom nível de atenção e um
bom nível de memória, consequentemente terá um bom nível de
aprendizagem. Logo, atenção, memória e aprendizagem estão
relacionadas no processo de desenvolvimento dos sujeitos.
De acordo com Ferreira
(2012,p.127), “somos quem somos porque lembramos do que vivemos, e
dessa forma construímos nossa identidade.” Para a autora o
indivíduo pode pensar que é fruto de suas escolhas, no entanto só
sabemos das escolhas feitas que nos lembramos e do que elas nos
ensinam. A memória liga presente e passado assim nos prepara para
nossa experiência de futuro, agregando nossos pensamentos e
impressões pela sua capacidade de reter informações e ajustá-las
conforme seus propósitos.
A autora ainda esclarece que
a memória é dividida em curto e longo prazo. A memória de curto
prazo retém por minutos ou horas pequenas quantidades de material.
Ela codifica a informação sensorial ou de superfície, ao passo
que, a memória de longo prazo, dura dias, semanas, anos e faz a
codificação profunda ou semântica.
As
memórias e a atenção são alguns dos preditores de maior destaque
para uma aprendizagem adequada. A memória de trabalho é uma das
memórias que recebe grande ênfase na aprendizagem pois ela, além
de manipular informações novas advindas das vias sensoriais, faz a
ligação com a memória de longo prazo, ou seja, com o conhecimento
já armazenado. A memória de trabalho é um componente da função
executiva que armazena e retém temporariamente a informação
enquanto uma determinada tarefa está sendo realizada, assim, esta
memória dá suporte às atividades cognitivas (PIPER,
Francieli Kramer,2013,p.2)
Iván
Izquierdo destaca a aproximação entre memória e Educação, na
visão do autor, só podemos considerar uma informação como
aprendida quando podemos lembrar-nos dela.
“Memória”
significa aquisição, formação, conservação e evocação de
informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou
aprendizagem: só se “grava” aquilo que foi aprendido.
(IZQUIERDO, 2011, p. 11).
A
memória pode ser subdividida em etapas:
EVENTOS
EXTERNOS > SELEÇÃO > AQUISIÇÃO >RETENÇÃO
TEMPORÁRIA >
CONSOLIDAÇÃO
>RETENÇÃO DURADOURA
|
Aquisição
é tudo aquilo que a gente interage com o meio através dos sentidos
que vão originar memória, um registro no córtex cerebral, não
importando qual sentido vai ser, verbal, visual, gustativo, tátil,
motor etc. A partir dos sentidos nós temos entradas de sinais no
córtex cerebral onde vamos ter a formação das memórias, ou seja,
o aprendizado. Somos aquilo que recordamos e também o que resolvemos
esquecer. De acordo com Izqierdo, quanto mais usamos a memória
(evocação) mais a fortalecemos, e menos esquecemos.
Por
fim, falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou de
desinteresse por parte do aluno. Ela pode ser gerada por um fator que
causou desinteresse ou por situações adversas à aprendizagem. Para
uma aprendizagem significativa, o professor deve atentar para a
interação entre o que ele sabe e o saber do aluno, contextualizando
e refletindo sobre a sua prática, moldando-a caso seja preciso.
Aprender não é só memorizar informações. É necessário fazer
referências, desconstruir e refletir, repensar, construir hipóteses
e testá-las, para que os conteúdos sejam apreendidos e fiquem na
memória do aluno, oferecendo assim possibilidades de novas
aprendizagens.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Maria Gabriela Ramos. Neuropsicologia e aprendizagem.
Curitiba. Intersaberes, 2014
IZQUIERDO, Ivan. Questões sobre memória. São Leopoldo: Unisinos,
2004.
KANDEL,
E. R. Em
busca da memória.
São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
LENT
R. Cem
bilhões de neurônios: os conceitos fundamentais da neurociência.
Editora Atheneu. São Paulo, 2001.
PIPER,
Francieli Kramer. A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA DE
TRABALHO PARA A APRENDIZAGEM,2013.Disponível em
<http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/XIII_semanadeletras/pdfs/francielipiper.pdf>
Acesso em 02 de março de 2018.
STEMBERG,
R. J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
O professor André Azevedo da Fonseca lembra aqui que Paulo Freire é mais estudado, utilizado e influente nas universidades mais inovadoras do mundo, como Harvard, Stanford e Princeton, do que nas escolas brasileiras, onde a sua pedagogia raramente é estudada e aplicada. Ele escreveu um artigo para demonstrar como é fácil verificar isso: http://www.brasilpost.com.br/andre-azevedo-da-fonseca/serie-de-videos-explica-p_b_7684470.html
segundo ele as escolas brasileiras são o contrário do que Freire propõe: autoritárias, mecânicas e habituadas a não relacionar os conhecimentos escolares com o mundo. Paulo Freire foi exilado, seus livros foram proibidos no Brasil e em seguida ele foi convidado para ministrar aulas em Harvard. Por isso ele é influente por lá. Ele foi o principal crítico das escolas brasileiras e por isso que para o pesquisador não tem sentido acusá-lo do contrário do que ele é. Naturalmente, aqueles que querem alunos passivos, subservientes e incapazes de pensar criticamente não gostam de Paulo Freire. Não é à toa que ele foi também o primeiro educador a denunciar o peso da doutrinação ideológica nas escolas - que se empenham para produzir alunos que automatizam os slogans da ideologia hegemônica.
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